CORONAVÍRUS... O mundo/humanidade muda?
Sábado, 11 de Abril de 2020

Um vírus – CORONAVÍRUS (Covid 19) – está mexendo profundamente em tudo e com todos. Algo tão pequeno, mas que faz parar/temer/morrer. PANDEMIA. É momento de parar para reflexão.
Para nos ajudar, Bertrand Badie (especialista Frances em Globalização) em uma entrevista com o título “Os profetas do neoliberalismo viraram promotores da economia social. É preciso voltar aos imperativos sociais” afirma que o Covid-19 está evidenciando de forma dolorosa a verdadeira face da globalização.

Quando questionado sobre o Covid-19 – ter revelado o verdadeiro rosto da globalização ele responde: “Penso que, até essa crise, a opinião pública e, o que é ainda mais surpreendente, os dirigentes dos diferentes países do mundo ignoravam e pretendiam ignorar o que esse fenômeno realmente significa. A mundialização muda profundamente o próprio significado da alteridade. O outro, em nosso antigo sistema westfaliano, era o inimigo potencial; depois, com o livre comércio e a aceleração das trocas comerciais, o outro se transformou em um competidor, um rival, e não vimos que, no plano social, estava sendo criada outra definição de alteridade, em que o outro era um parceiro cujo destino está profundamente ligado ao nosso.

Isso significa que entramos em mundo que já não é o da hostilidade e da competição, e sim necessariamente o da solidariedade, porque agora se quero sobreviver e, ainda mais, ganhar, preciso me assegurar de que o outro sobreviva e que o outro ganhe, e temos muita dificuldade em admitir isso. Essa dificuldade nos levou nesse contexto de crise a escutar idiotices como “é um vírus chinês” e “o vírus é um inimigo do povo americano”, como afirmou o presidente dos Estados Unidos. Donald Trump não entendeu que o verdadeiro significado da mundialização está na criação de necessidades de integração social que devemos satisfazer urgentemente, do contrário nos encaminharemos ao desastre.

Em um mundo inclusivo, interdependente e móvel, é o fraco que decide enquanto o poderoso está perpetuamente em uma posição reativa e defensiva. Devemos levar muito a sério as novas necessidades de segurança humana já que dos segmentos de população mais inseguros, frágeis em termos de saúde, economia, alimentação e condições climáticas, vem necessariamente o risco mais agudo da crise. A vulnerabilidade de nossas sociedades extraordinariamente sofisticadas é, em última instância, bem alta.

Entramos em um mundo invertido em que a lógica da fraqueza é a lei.

P. Por que os Estados continuam priorizando o investimento militar para garantir sua segurança, sem se preocupar com os focos de vulnerabilidade que o senhor menciona?
R. Vivemos durante séculos e séculos com a ideia de que o que nos ameaça e causa nossa insegurança é de natureza militar e interestatal. No mundo de hoje gasta-se por volta de dois trilhões de dólares (10 trilhões de reais) em orçamento militar. Precisamos admitir que essa competição só adula a arrogância dos Estados e não tem nenhuma eficácia em termos humanos. O Programa das Nações Unidas ao Desenvolvimento deixou claro em um relatório de 1994 que a principal ameaça ao mundo era a humana, a alimentar, a sanitária, a ambiental, entre outras, e ninguém, nenhum líder do planeta levou a sério essa advertência, seguindo os incertos caminhos do investimento militar. Se pelo menos essa crise servir para que os dirigentes que até agora não estavam à altura de sua responsabilidade, e que não quiseram ver o que estava diante de seus olhos, levem a sério, então terá servido para algo.

P. O que lhe inspira a guinada keynesiana que de repente impregna o discurso de alguns políticos mais conhecidos por sua orientação liberal como Donald Trump e Emmanuel Macron?
R. É preciso lembrar que o social foi assassinado pelo neoliberalismo e relegado a um mero efeito de goteira. A famosa fórmula tão elogiada pelo Banco Mundial de que “o crescimento é bom para os pobres” porque acabarão se beneficiando de seus efeitos, reflete a maneira como o social foi concebido nos últimos 30 anos. Se hoje os profetas do neoliberalismo estão se transformando em promotores da economia social é porque concebem, diante da catástrofe atual, que já não será possível fazer o mesmo que antes e que será necessário voltar aos imperativos sociais. ” Toda entrevista a disposição https://brasil.elpais.com/ideas/2020-04-06/bertrand-badie-cientista-politico-a-acao-da-oms-se-reduz-a-ler-um-comunicado-todas-as-noites.html

Neste dia 7 de abril, lembramos, e parabenizamos - todos os profissionais da saúde que estão na linha de frente, no enfrentamento da Guerra contra o Coronavírus. São profissionais muitas vezes não reconhecidos, por vezes hostilizados, mas que na sua grande maioria, agem com muito profissionalismo, muito amor, acreditando em ideais de humanidade e respeito a vida. PARABÉNS!

Esta data, por ironia / TRISTEZA, dia dedicado aos profissionais da saúde, tivemos a primeira morte de profissional da saúde (Técnica em Enfermagem Mara Rúbia Cárceres - de 44 anos do Hospital Conceição) vítima do Covid-19 no Rio Grande do Sul. É importante lembrarmos a campanha que os profissionais da saúde desencadearam pelo mundo a fora. FIQUE EM CASA – NÓS ESTAMOS TRABALHANDO POR VOCÊS.

Aproveitemos o tempo de parada, a Semana Santa, para refletirmos sobre os valores, e nos dar conta, que a VIDA é o essencial, e precisamos zelar, cuidar do bem maior. Somos convidados - Por meio do tema e do lema da Campanha da Fraternidade 2020 – Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso / "Viu, sentiu compaixão e cuidou dele" (Lc 10,33-34) –, somos convidados a refletir sobre o significado mais profundo da vida em suas diversas dimensões: pessoal, comunitária, social e ecológica.

ATENÇÃO - O isolamento social não cura ninguém. O isolamento social é para, evitar que o vírus se propague rapidamente, para dar tempo para o Sistema de Saúde se organizar para ter o mínimo de estrutura para atender os infectados. Como se vê pelo mundo, o Vírus COVID 19, está trazendo o COLAPSO nos Sistemas de Saúde do primeiro mundo, imaginem a situação do Brasil.

FELIZ E ABENÇOADA PÁSCOA!

Fonte: Vilson João Weber
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