Males da solidão aumentam na Pandemia do COVID-19
Terça - Feira, 28 de Abril de 2020
Olá a todos os sindicatos filiados a FEMERGS e demais pessoas que acessam esta página em busca de informações.

Espero que todos estejam bem na medida do possível frente a esta triste realidade no mundo todo, e nós no Brasil, ainda precisando enfrentar o avanço do desmonte Estatal, que no mundo inteiro tem servido de alavanca no enfrentamento, enquanto aqui, se fala em cortar gastos, salários e direitos.

Já falei em um texto anterior, sobre os riscos das pessoas sozinhas nesta pandemia, pois é, agora minha preocupação tem aumentado, ouvindo relatos de pessoas que não moram sozinhas, mas estão sentindo solidão, desesperança e tristeza. E pesquisas médicas, que acompanham esta pandemia, já esta previsto o aumento significativo de síndromes psiquiátricas, como a síndrome do pânico, fobia social entre outras, aí nós novamente enfrentaremos mais um problema, parece que no Brasil somos campeões em aumentar o número de problemas, pois sempre existem os que como aqueles que minimizam as consequências do COVID 19, talvez por acharem que são mais inteligentes ficam distribuindo receitas, tipo, se apegue a Deus, reze, tome melissa.

Eu particularmente acredito que Deus deu a inteligência ao homem justamente para não precisar se preocupar com pequenos detalhes, já que seu trabalho de proteger o universo é grande. E seguindo esta minha lógica acho que o melhor conselho em caso de doença é ir ao médico, como em caso de dúvidas jurídicas deve ir ao advogado buscar a explicação. Ou alguém consegue pensar em pedir ao padeiro para arrumar a injeção eletrônica do carro.

E ainda seguindo esta lógica, muitos destes conselhos acabam por agravar a melhora de quem esta enfrentando alguma dificuldade em lidar com este momento tão conturbado, vários planos de saúde estão ofertando consultas online, e como os problemas relacionados a sentimentos pessoais são possíveis de ser diagnosticados através de uma boa conversa com seu médico, procure ajuda, não é vergonhoso estar assim frente a tudo isso. Se você consegue refletir sozinho sobre como está se sentindo e descobrir uma forma de aliviar, faça: reze, dance, cante, faxine a casa, leia, qualquer coisa que te fizer bem. Mas, não vamos esquecer daqueles que não possuem esta tua capacidade de resolução da questão individualmente, então vamos auxiliar da melhor forma, e quando digo isso, eu particularmente, não acredito que seja escondendo informações por elas serem tristes e alarmantes, eu acredito que seja absorvendo as informações com o realismo necessário, mas sem pânico.

Existem pessoas que usam frases feitas para indicar “o pensamento positivo” como solução para tudo, ou do tipo, “a fé move montanhas”, sim, são importantes, mas para mim, não são mais importantes do que as que dizem “prevenir é melhor do que remediar”. E neste contexto são tantos assuntos importantes que não podem ser esquecidos, são tantas as necessidades que ficamos quase que paralisados e sem ação. Mas é preciso reagir, ainda bem que temos pessoas comprometidas com este momento e que nos trazem boas informações e reflexões.

Esta semana acompanhei uma live do ANTONIO NETO, Presidente da CSB, Central dos Sindicatos Brasileiros que achei importante trazer aqui.

https://www.youtube.com/watch?v=C6D-u3e7bkw&feature=youtu.be

Especialmente nesta live, por se tratar de um assunto que me é particularmente por mim acompanhado, que é a violência contra a mulher. Mas o Antônio Neto trouxe uma ramificação desta violência que em especial me chamou a atenção: A violência contra a mulher cometida de forma online.

Hoje a internet está definitivamente em nossas vidas, estatutos, leis estão sendo adequadas ao uso desta ferramenta, pois certamente será cada vez maior seu uso para contatos entre pessoas, tanto profissionalmente quanto individualmente. Ainda existem pessoas que quando são sabedoras de algum golpe sofrido por alguém nesta nova forma de comunicação, imediatamente responde “caiu por ser burra”, não vou colocar aqui os outros adjetivos usados. Se for uma mulher a vitima então, fica muito mais ofensivo os comentários.

Se no século XXI ainda não conseguimos ver a mulher estuprada como vítima, a sociedade em geral sempre procura colocar a culpa nela, na roupa que usava, no local onde andava, como andava. Muitas são humilhadas nas delegacias ou hospitais onde vão procurar ajuda, frente a violência sofrida, imagina como é o tratamento para as milhares de mulheres mundo afora que estão sendo vítimas de bandidos que usam os sites de relacionamentos como forma de praticar o crime.

Quero que vocês reflitam comigo. Não é culpa das mulheres, quem não lembra do medo que as mulheres a quarenta ou cinquenta anos atrás sentiam em manter uma relação sexual sem ser casada? Sim, pois era prática comum na época, ela ficar “falada”. Aí eu pergunto para ser “falada”, alguém contava o que tinha acontecido.O homem, que hoje, a gente sabe que normalmente contava para poder provar aos outros que era "macho", pois necessitava desta posição para sentir segurança em relação a sua sexualidade, quem nunca ouviu a avó contar de uma pobre coitada que foi extorquida por um espertalhão, ou um idoso que foi extorquido por uma espertalhona?

Então não é o relacionamento amoroso via site de relacionamento que é o risco. O risco continua sendo o mesmo, relacionar-se com um, ou uma MAU CARÁTER. A internet, os sites de relacionamento podem ter facilitado, mas não criado este tipo de exploração.

E nós como seres sociais, devemos nos preocupar mais em auxiliar as vítimas do que julgar e criticar. Aí retornamos aquela minha primeira postagem sobre a questão das pessoas solitárias durante a pandemia. Será que estamos fazendo o suficiente para auxiliar estas pessoas? Será que não podemos destinar trinta minutos no nosso tempo diário para ajudar através de conversa, envio de mensagens, a uma pessoa que conhecemos e sabemos que é solitária?

E frisando bem, nem sempre é solitário aquele que mora sozinho, existem solitários que vivem com companheiro, existem solitários que vivem com os pais, com filhos, com amigos, a solidão afetiva nem sempre significa estar só, pois muitas destas pessoas convivem com as outras simplesmente por conveniência social ou moral, que como sabemos são rodeadas de hipocrisia na realidade.

Mas ainda ditam as regras para “parecer” cidadão de bem. Enquanto nós continuamos a simplesmente julgar, no mundo inteiro, por ter aumentado este tipo de crime, tanto por homens como por mulheres que procuram suas vitimas nos sites de relacionamento, Mas como nós mulheres ainda continuamos sendo vistas como “presas fáceis”, o número deste tipo de crime está disparado. Muitos países já estão criando legislações, existem organizações, trabalhando esta questão, crimes que já tem até organizações criminosas, como os conhecidos FAKES MILITARES. Vamos tentar de alguma forma auxiliar estas pessoas, vamos fazer disto um desafio, afinal doar alimentos e outros bens matérias é mais fácil, mas doar nosso tempo, nosso carinho além de desafiador é gratificante.

Beijos no coração de todos vocês, força neste período difícil e lembre-se JUNTOS SOMOS INFINITAMENTE MAIS FORTES.
Fonte: Clarice Inês Mainardi - Diretora de Formação- FEMERGS
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