PANDEMIA, SINDICALISMO, FORMAÇÃO E MULHER.
Sexta - Feira, 04 de Dezembro de 2020
PANDEMIA, SINDICALISMO, FORMAÇÃO E MULHER.
Difícil fazer aquilo que já estávamos quase no automático neste período de atendimento online. Mas muitas coisas positivas tiramos deste momento. Uma delas, para mim talvez a mais importante, é ver que as pessoas através da internet, da intimidade sem exposição que a mensagem, o comentário individual após uma reunião, formação, encontro online, como quiserem definir causa e nos traz de aprendizado e de reflexão, criando novos espaços de discussão para quem sabe encontrarmos um caminho melhor na forma de fazer sindicato.

Sempre questionei a questão FORMAÇÃO, como algo a ensinar fazer ata, organizar sede, resolver problemas cotidianos, isto creio ser mais atribuição do “tio Google”, onde qualquer assunto pode ser pesquisado, estudado e entendido é só procurar sites seguros, e questões legais sempre defendi a boa assessoria jurídica, digo boa, pois ela tem que ser SINDICAL, sim, pois como sabemos Leis SÃO INTERPRETADAS, e precisamos contar com quem as interprete encontrando as famosas “brechas” que defendam o funcionalismo público. E hoje após um atendimento online onde um grupo de pessoas se dispôs a discutir o que estamos vivenciando na conjuntura nacional, surgiu a vontade de escrever esta reflexão. Espero que ela crie dúvidas e anseios em quem ler. Lembrando que os diretores da FEMERGS, estão somente atendendo de forma online, mas estão a disposição e no site femergs consta os telefones e e-mail de todos. É só nos procurar. Mas vamos a reflexão.

Estamos vivendo um momento POLARIZADO aos extremos, a mim vem a lembrança do tempo em que o esporte causava esta polarização, Grêmio e Inter, Brasil e Argentina, e para os três-passenses, ENGES E SACI. Por isso a mim me dificulta o entendimento de tanto rancor e ódio nesta polarização social que estamos vivendo, afinal a gente sempre soube soar sem praticar bullying com os colorados, os argentinos e os SACIS, e agora, não conseguimos conviver com quem pensa diferente. A ironia, maldade, desmerecimento, enfim tudo o que permeia nossa vivencia neste momento mais parece sede de máfia do que local de discussão. Pois as vezes em certas reuniões, encontros o olhar de quem esta se sentindo diminuído, menos prezado ou questionado mais parece o olhar daquele chefe de máfia que planejava a colocação de cimento no pé de alguém para desova no rio Mississipi e não um local de organização para análise e melhora do que temos pela frente. E isto não ocorre somente nas politicas partidárias, nas sexuais, nas homoafetivas, nas relações mais polarizadas do momento. Que se diga de passagem, tem gente com olhar mafioso dos dois lados da questão.

Que para mim ficou claro na questão SINDICALISMO E DEFESA DA MULHER, que foi levantada na atividade de hoje. Muitos sindicalistas inclusive mulheres, não conseguiram sair ainda do conceito que mulher no sindicato é somente para cumprir os trinta por centos exigidos em LEI. Gente os trinta por cento, são de gênero, quer dizer que podem ser PREENCHIDOS POR HOMENS, infelizmente no Brasil, ainda na maioria das vezes e do gênero feminino. Nossa maior dificuldade é entender esta diferença, pois a POLARIZAÇÃO DO ODIO, age sempre da seguinte maneira. Ah a diretora Clarice quer defender a mulher para legalizar o aborto, a homofobia, desrespeitar a religião evangélica. Não é nada disso, a formação sindical, politica, a FORMAÇÃO CIDADÃ e necessária para fazer a sociedade como um COLETIVO entender que, sim podemos viver com diferentes, e manter nossas INDIVIDUALIDADES, no sindicato não estou para defender minha forma de pensar e viver. No Sindicato estou para defender posições que permitam a minha classe, que é SERVIDORES PUBLICOS evoluir, insto significa que não posso no momento que vejo uma colega sendo ASSEDIADA, julgar a roupa que ela veste. A MIM COMO SINDICALISTA, cabe a defesa de que minha colega pode usar a roupa que quiser e ser respeitada, pode falar e rir como quiser e mesmo assim ser respeitada.
No ESTAR SINDICALISTA não me cabe em um momento de aperto pedir que todos os sócios rezem uma ave maria, pois muitos não acreditam que Nossa Senhora seja uma santa, e isso não faz eles serem menos merecedores da nossa defesa. Como também não cabe ao ateu gritar ou espernear pedindo que se pare de rezar, se isto foi FEITO COM A APROVAÇÃO DA MAIORIA DOS SOCIOS. Isto nos chamamos de democracia. Vejo a maldade, as ambições individuais sendo as únicas responsáveis por todo este triste período que passamos. Muitos dizem que é por falta de valores. Eu não vejo assim, pois primeiro para falar sobre isto temos que ter muita FORMAÇÃO PARA DISCUTIR O QUE SÃO VALORES?

Sim, para minha colega evangélica, não usar calça comprida é um valor, para meu colega machista, gritar e desrespeitar mulher com palavras do tipo, louca, histérica ou pior, é um valor, para meu colega homofóbico, ofender um homossexual, é um valor. E assim, são vários os valores INDIVIDUAIS, o que acho que precisamos discutir nas entidades sindicais são aqueles valores que passam por votação legislativa e são VALORES DE UMA NAÇÃO. Como por exemplo o estatuto do idoso, do portador de necessidade especial, da Criança e do Adolescente, do Trabalhador, da Mulher. E se deveríamos ter somente a defesa do SER HUMANO, quem sabe a gente começa a fazer formação sobre A DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS, que foi criada por todos os países integrantes da ONU para que NUNCA mais se repitam crimes como os ocorridos na SEGUNDA GUERRA MUNDIAL. Quem sabe a gente aproveita a facilidade da internet que nos permite, COMUNICAÇÃO instantânea para tirar dúvidas praticas e que são burocráticas e passamos a nos Re FORMAR como seres humanos.

E acredito em uma coisa, o mundo amanha será melhor pelo simples fato de termos consciência disso, pois certamente acabaram neste mundo os FALSOS LIDERES, que se utilizam da velha arma do fazer, caridade, fazer a parte burocrática, fazer favores que são obrigação do Estado somente para se manterem no poder. Estes não querem perder seu posto, não gostam de gente que levanta dúvidas. Pois estão tão habituados ao velho esquema de conversa ao pé do ouvido, visitinha em véspera de campanha, fazer favor para cobrar depois que não são mais capazes de ouvir, de participar ou de vivenciar a beleza que é aprendermos na troca todos os dias, a beleza que é ouvir de alguém que depois de uma acalorada discussão sobre a necessidade de existir os evento VINTE E UM DIAS DE ATIVISMO CONTRA VIOLÊNCIA Á MULHER, mandar uma mensagem dizendo.

“É sim necessário que as verdadeiras discussões, conceitos as PRÉ definições saiam do armário, e é sim função do sindicato fazer isso. Pois senão continuaremos ouvir de colegas o seguinte comentário sobre o companheiro depressivo: “é fingimento para receber sem trabalhar. Obrigada por me permitir dizer que não concordava, e que achava o fim da picada esta discussão estar ocorrendo no sindicato. Pois agora poderemos discutir como vamos agir para participar destes VINTE E UM DIAS DE ATIVISMO. Pois afinal sindicato é lugar para ativista. Mas não concordo com tudo o que você acredita Clarice. Beijos”

E acreditem tenho autorização da pessoa que enviou a mensagem para publicar, apesar de pedir sigilo no nome, algumas cidades é muito difícil tratar estes assuntos, e ninguém quer que esta polarização e maldade continue por muito tempo, o que buscamos e discussão e fortalecimento dos VALORES COLETIVOS, para que cada um de nós em nossa vida particulares vivencie os valores religiosos, e individuais de forma digna e sendo respeitados. Muitos de nós nem sabíamos de que havia este evento, pois estamos condicionados a DEIXAR AS DISCUSSÕES DE LADO. Mas reflita, pense se quem condicionou você sindicalista a pensar assim, não tem somente outros objetivos pela frente. O Presidente Vilson Weber em todas suas falas sobre CF usa uma frase que neste momento volta a ser importante. “E UMA DISPUTA DE FORÇAS, UM LADO DA CORDA TEM UM GRUPO E DO OUTRO LADO OUTRO GRUPO”. A nós neste momento impar cabe escolher em que lado estamos para que possamos crescer como nação, a exemplo dos anos que seguiram a promulgação da CF CIDADÃ DE 88.”
Fonte: Clarice Inês Mainardi - Diretora de Formação- FEMERGS
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